A febre é uma das queixas mais frequentes nos consultórios pediátricos. Cerca de 20% a 30% das consultas em ambulatórios mencionam a febre como a principal queixa, uma proporção que aumenta para 65% nas emergências pediátricas e chega a 75% nas interações por telefone ou WhatsApp com os pediatras.
Embora geralmente seja um sintoma de infecções virais agudas, a febre pode ser alarmante, pois também pode ser o primeiro sinal de doenças graves. A ansiedade e a insegurança que isso provoca são tão intensas que até cunhamos um termo específico para descrever essa sensação: febrefobia.
É importante entender que a febre não é, em si mesma, uma doença. É uma resposta fisiológica do organismo a uma agressão física, química ou biológica. Assim como um carro esquenta quando o motor está funcionando em alta rotação, nosso organismo reage dilatando os vasos sanguíneos, aumentando a produção de anticorpos e glóbulos brancos para combater a agressão.
Portanto, a febre não precisa ser tratada como uma doença em si mesma. É um sinal de que nosso corpo está combatendo uma infecção, e na maioria dos casos (cerca de 90%), essa infecção é viral e não requer antibióticos.
Quando um médico diz que é "uma virose", está indicando que seu filho está sendo atacado por um vírus, o que significa que antibióticos não são necessários. Em vez disso, é importante garantir uma boa hidratação, administrar antitérmicos se necessário e observar outros sintomas que possam surgir.
É crucial compreender que os antibióticos não são eficazes contra febres causadas por vírus, pois eles só têm efeito sobre as bactérias. Portanto, em cerca de 90% dos casos de febre, os antibióticos não são apropriados.
Mas quando devemos nos preocupar com a febre de uma criança? Geralmente, consideramos uma criança febril quando a temperatura está acima de 37,8ºC, mas isso não significa que precisamos imediatamente administrar medicamentos. Devemos considerar o estado geral da criança: se ela estiver ativa e brincando, mesmo com uma temperatura ligeiramente elevada, não há necessidade de medicá-la.
A convulsão febril, embora assustadora, é geralmente benigna e não deixa sequelas. Pode ocorrer em temperaturas relativamente baixas e não está necessariamente relacionada ao grau de febre, mas sim à predisposição individual da criança.
É importante também não intercalar antitérmicos e administrá-los somente quando necessário. Se a febre retornar antes do horário da próxima dose, devemos priorizar a hidratação e manter a criança fresca, evitando agasalhos em excesso.
Existem situações em que devemos ficar mais alertas, como febres em bebês menores de 3 meses, ou quando a criança permanece irritada ou apática mesmo após a temperatura voltar ao normal. Sintomas persistentes como dor de cabeça, rigidez no pescoço, vômitos persistentes ou dificuldade respiratória também exigem atenção médica imediata.
Em resumo, a febre não é uma doença por si só, mas sim um sinal de que algo está acontecendo no organismo. Compreender sua natureza e como lidar com ela pode ajudar os pais a navegarem por esse sintoma com mais tranquilidade e segurança.
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Dr. Luís Henrique do Prado Gomes
Pediatra
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