Caminhar pelas ruas do centro de Lavras tem se tornado uma experiência difícil e, em muitos casos, perigosa. As calçadas, tomadas por buracos e desníveis, representam um risco constante, especialmente para grávidas, idosos e crianças. A situação se agrava com a ocupação desordenada do espaço público por placas, banners e propagandas que atrapalham a circulação dos pedestres.
Outro problema crescente é a quantidade de ambulantes vendendo de tudo: doces de procedência desconhecida, perfumes, frutas, meias, eletrônicos e até controles remotos — tudo espalhado pelas vias públicas sem qualquer fiscalização. O que deveria ser uma caminhada tranquila se transforma em um verdadeiro teste de paciência e, em alguns casos, de coragem.
Mais recentemente, uma nova dor de cabeça surgiu: grupos de homens que se dizem "recuperados" abordam transeuntes oferecendo pano de prato supostamente confeccionadas por eles mesmos. Alegam que o dinheiro arrecadado ajuda no processo de recuperação, mas não deixam claro como isso acontece. Quando questionados, dizem pertencer a uma tal "fazendinha", mas sem identificar qual. Muitos acreditam, de forma equivocada, que estariam ligados à conhecida Fazenda do Padre Israel — o que pode gerar confusão e manchar o nome da instituição.
O problema é que, quando as pessoas se recusam a comprar estes ditos pano de prato esses homens reagem com hostilidade. Há relatos de gritos, xingamentos e até ameaças de "excomunhão", como se tivessem alguma autoridade religiosa. O objetivo parece claro: constranger e intimidar quem não deseja — ou não pode — comprar.
Em casos mais graves, houve até ameaça física. Um episódio emblemático aconteceu em frente à Igreja Matriz de Sant’Ana. Um homem vendia bugigangas e, diante das recusas dos pedestres, passou a insultar e ameaçar quem simplesmente o ignorava. Uma senhora que saía da igreja foi abordada e, ao se recusar a comprar, foi publicamente chamada de “pilantra” e outros termos ofensivos.
Alertado pelos lojistas da Rua Francisco Sales, um policial militar — hoje na reserva — que estava de serviço na época, interveio. Ao verificar a ficha do ambulante, descobriu-se que o homem tinha um mandado de prisão em aberto e outros registros criminais. Além disso, com ele foi encontrada uma peixeira. Ele foi imediatamente detido, levado à Delegacia de Polícia Civil e recambiado para sua cidade de origem.
Diante disso, é urgente que a Secretaria de Indústria e Comércio, a Secretaria de Mobilidade Urbana, juntamente com a Polícia Militar e a Polícia Civil, realizem uma operação no centro da cidade. É preciso identificar quem são esses vendedores, regularizar o comércio ambulante e, principalmente, garantir a segurança e o direito de ir e vir da população.
Essa ação deveria ter sido feita ontem. Se demorar mais, pode custar caro — em tranquilidade, em dignidade e, quem sabe, em vidas.
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