Uma mulher de 60 anos, que já tinha sobrevivido a uma tentativa de feminicídio em 2022, voltou a enfrentar o pesadelo da violência e, mais uma vez, conseguiu escapar com vida. Desta vez, o agressor — seu namorado, de 28 anos — a levou de Pouso Alegre para São José do Rio Preto (SP), onde a espancou durante horas e tentou apagar os rastros do crime.
O caso, descoberto pela Polícia Civil a partir de um código de perigo previamente combinado entre a vítima e um amigo, começou a ser investigado na terça-feira (1º). O amigo estranhou o silêncio da mulher, que não atendia mais ligações nem respondia mensagens. Ele sabia que o namorado era violento e acionou imediatamente a polícia quando percebeu o risco.
Enquanto conversava com a polícia, o suspeito ainda ligou para o amigo, tentando manter as aparências e alegando que a namorada havia desaparecido. Não convenceu. A Polícia Civil de Pouso Alegre cruzou informações, descobriu que ele havia comprado um carro de R$ 90 mil sem ter renda compatível e rastreou outro veículo alugado pelo agressor, ambos em São José do Rio Preto.
Uma força-tarefa foi montada com apoio do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Paulo e do GOE (Grupo de Operações Especiais). Na casa do homem, na Vila Diniz, ele negou qualquer crime e liberou a entrada dos policiais.
Logo ficou claro que havia algo errado. Roupas e lençóis manchados de sangue estavam escondidos na máquina de lavar e o chão ainda úmido denunciava uma limpeza apressada. O homem perdeu a calma, tentou agredir os agentes e acabou algemado. Além dos sinais da agressão, a polícia encontrou drogas — 30 porções de maconha, 36 de “ice”, balança de precisão e outros itens — e o prendeu por tráfico.
A vítima só apareceu dois dias depois, na quinta-feira (3), já em Pouso Alegre. Com ferimentos por todo o corpo, febre e suspeita de hemorragia interna, ela relatou à polícia que aproveitou um descuido do agressor, trancou a porta da casa por dentro e correu até uma lanchonete, de onde conseguiu viajar de aplicativo até Minas Gerais.
Na delegacia, contou como passou a madrugada inteira sendo espancada com socos, chutes e tapas, a mesma violência que já havia enfrentado anos antes.
Ela segue em atendimento médico e agora conta com medida protetiva urgente para tentar recomeçar. O agressor permanece preso no Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto, indiciado por tráfico de drogas, desobediência, resistência e tentativa de feminicídio com agravante, por ser a vítima idosa.
Um novo inquérito foi instaurado para investigar todos os crimes.
A coragem da vítima em pedir socorro e escapar mostra, mais uma vez, a importância de não se calar diante da violência.
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