O Mirante da Bocaina já cansou de gritar no deserto. Não é de hoje que alertamos para a insuficiência do número de ambulâncias do SAMU em Lavras — um equipamento que não é luxo, não é capricho, é vida. E a cada festa, a cada fim de semana com movimento extra na cidade e nos municípios vizinhos, a mesma história se repete: acidentes acontecem e quem precisa de socorro fica à espera, torcendo para que seja rápido o bastante para não virar estatística.
Na noite de ontem, sábado (5), a avenida Sílvio Menicucci — a famosa Perimetral — foi palco de mais um capítulo dessa novela trágica. Um motorista descia pela rua Benedito Valadares, parou no cruzamento, olhou e… nada viu. Seguiu. Mas um motociclista subia pela Perimetral, sentido prefeitura, e a colisão foi inevitável.
O impacto foi violento. O motociclista sofreu um ferimento considerável em uma das pernas, com suspeita de fratura no joelho. Por sorte, um casal que passava pelo local parou para ajudar. Eles ligaram para os Bombeiros e para o SAMU. Mas as ambulâncias… todas já estavam ocupadas: umas em Ijaci, outras em Lavras mesmo, atendendo a outro acidente com duas motos.
Ver essa foto no Instagram
A espera pelo socorro durou cerca de 20 minutos. Quando finalmente uma equipe do Corpo de Bombeiros chegou, o jovem já estava consciente, mas sentindo bastante dor. Foi imobilizado e levado à UPA de Lavras. O capacete, corretamente afivelado, certamente poupou o rapaz de um drama ainda maior.
O fato é que ele teve sorte. Mas até quando vamos deixar a sorte ser o principal agente de saúde pública em Lavras? Quantas festas, quantas “programações culturais” ainda vamos bancar sem antes garantir algo básico, como ambulâncias suficientes para o tamanho da demanda?
Fica a pergunta, mais uma vez lançada ao vento: quantas vidas terão que se perder para que alguma autoridade finalmente se mexa?
Mín. 10° Máx. 25°